Aprendizados foram compartilhados no último dia do V Encontro Nacional da IEC-BNDES
Como todo processo de prototipação, a implementação da Iniciativa BNDES Educação Conectada (leia mais aqui) também tem sido marcada por muitas experimentações. Já são três anos de atividades, e esse processo gerou aprendizados valiosos para o campo das políticas públicas educacionais e para o sistema educacional como um todo.
Este foi o foco das discussões do terceiro e último dia do V Encontro Nacional da IEC-BNDES, realizado pelo Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB), parceiro técnico da Iniciativa. Saiba como foi o primeiro e o segundo dia do evento.
Yara Duque, gestora do Observatório Tecnologia na Escola (OTec), ligado ao Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais (CEIPE) da Fundação Getulio Vargas, iniciou o encontro com uma sintetização dos grandes aprendizados da IEC-BNDES.
Os apontamentos tiveram como base os relatórios e estudos de caso que vêm sendo produzidos pelo OTec, e foram apresentados em três blocos: Visão e Formação; Infraestrutura; e Recursos Educacionais Digitais.
De maneira geral, são boas práticas para a implementação de planos de inovação e tecnologia nas redes públicas de ensino. Suas premissas estão no cerne da proposta da Iniciativa – que tem como espinha dorsal o modelo conceitual da Escola Conectada, criado pelo CIEB (leia mais aqui) – e sua prática permeia todo o trabalho de assessoria técnica desenvolvido ao longo dos anos pela organização.
Aprendizados por dimensão
No primeiro bloco – Visão e Formação –, o principal aprendizado é que o engajamento dos atores escolares é primordial para o sucesso das ações formativas e para o uso efetivo de tecnologia na educação.
Nesse sentido, a recomendação é que as redes:
- envolvam e engajem a gestão escolar nas ações;
- garantam governança nas escolas para gerenciar o projeto;
- monitorem a implementação das ações junto às escolas;
- mantenham planos de formação continuada para o corpo docente.
Já em infraestrutura, a experiência mostrou que a condução de processos de compras de tecnologias é uma atividade complexa e demanda a elaboração de estratégias para priorizá-los e/ou simplificá-los.
Entre outras ações, Duque mencionou a importância de:
- fazer uma avaliação crítica dos equipamentos realmente necessários para evitar processos onerosos e demorados;
- sempre que possível, aderir a Atas de Registro de Preços (ARP) vigentes;
- alocar profissionais experientes na frente de compras;
- acompanhar frequentemente o processo de aquisição, ainda que os trâmites aconteçam em outra secretaria;
- avaliar criticamente a possibilidade de parcerias com setor privado para doações;
- analisar casos de sucesso e uso de ferramentais existentes, como o Toolkit de Seleção e Aquisição de Tecnologias Educacionais do CIEB.
Finalmente, na dimensão de Recursos Educacionais Digitais, a lição que fica é a de que a seleção, disponibilização e implementação de REDs deve estar alinhada às necessidades educacionais da rede e requer a capacitação dos atores educacionais.
Nesse contexto, as boas práticas selecionadas pela OTec são:
- usar ferramentais criados para planejar a seleção, disponibilização e implementação de REDs, como a Jornada de REDs e Toolkit de Seleção e Aquisição de Tecnologias Educacionais do CIEB;
- analisar curadorias de REDs já existentes ou convidar os/as docentes para realizar essa atividade na própria rede;
- desenvolver ações de formação e engajamento voltados para os REDs que serão utilizados.
O que manter e o que melhorar
Divididas em grupos, as equipes representantes dos territórios também fizeram um exercício de avaliar os aprendizados e selecionar tanto os aspectos que merecem ser mantidos como os que poderiam ser descartados ou aprimorados.
Entre as dezenas de apontamentos positivos, destacou-se a importância dos Grupos Especiais de Trabalho, mais conhecidos como GETs. Diversas equipes mencionaram o papel central exercido pelos grupos e assumiram o compromisso de manter suas atividades.
Muitos também reconheceram o papel fundamental dos programas de formação continuada para o desenvolvimento de competências digitais de docentes, bem como as vantagens das parcerias com universidades para a realização de ações conjuntas.
Em termos de sugestões de melhorias, as contribuições foram igualmente variadas. Para citar alguns exemplos, foi proposto o aumento do intercâmbio entre os territórios para a troca de aprendizados; a priorização, no tempo, dos processos de compras (por levarem mais tempo que as ações das outras dimensões); a garantia de envolvimento das áreas responsáveis desde o começo das tratativas; e a previsão, no orçamento plurianual, de recursos financeiros para as ações planejadas.
Ciclo de aprendizagem para o ecossistema educacional
Eduardo Bizzo, gerente do Departamento de Educação e Cultura do BNDES, reiterou que os ganhos da IEC-BNDES vão “para além do aluno que vai utilizar a tecnologia durante as aulas nas escolas”, e que o legado se estende para as redes como um todo.
“Nessa lógica da IEC, que é um esforço de prototipação de uma política pública, não podemos falar de erro e falha. Tudo o que é feito gera, em última instância, aprendizados”, declarou. “As lições que ficam são poderosas e frutos do trabalho de muita gente. Estamos levando para a sociedade aprendizados concretos e simples sobre o uso de tecnologias da educação, e estes aprendizados serão internalizados depois pelas políticas públicas”, ressaltou.
Para encerrar o V Encontro Nacional da IEC-BNDES, Lúcia Dellagnelo, diretora-presidente do CIEB, agradeceu a oportunidade proporcionada à organização de fazer parte da IEC e ressaltou que todos os aprendizados contribuirão com o aprimoramento dos produtos e ferramentas desenvolvidos pelo CIEB para a rede pública.
Maúna Rocha, coordenadora de Inovação e Tecnologias Educacionais do CIEB, destacou, por sua vez, a confiança depositada nas equipes para conduzir as próximas ações e transformar efetivamente as redes de ensino.
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Publicado em: Notícias Gerais