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Jessiane Fernandes: “Vamos inserir tecnologias digitais nas escolas de forma direcionada, olhando para a Base Nacional Comum Curricular”

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Assessora Técnica Pedagógica da Secretaria Municipal de Educação de Caicó (RN), Jessiane Fernandes ressalta a importância de transformar as práticas pedagógicas e a visão das escolas para que as tecnologias tenham impacto no aprendizado

 Há aproximadamente um ano, a rede municipal de Caicó (RN) está participando do programa ‘Gestão de Inovação e Tecnologia na Rede de Ensino’, realizado pelo CIEB em parceria com a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e o Instituto General Motors (IGM), para incentivar a incorporação de tecnologias digitais na prática pedagógica, e formar lideranças educacionais para a transformação digital de redes de ensino (leia mais aqui).  

Em linhas gerais, o programa consiste em uma assessoria técnica por meio da qual as secretarias desenvolvem novos conhecimentos e aprendem a utilizar ferramentas para construir e implementar planos de inovação e tecnologia.

Depois de meses de atividades, Fernandes enxerga com clareza como a rede mudou seu posicionamento em relação ao uso de tecnologias nas escolas e afirma que, a partir de agora, a expectativa é inseri-las de maneira estratégica para melhorar os resultados de aprendizagem.

O desafio é grandioso, pois envolve uma série de questões, inclusive financeiras. “No entanto, não podemos ficar de braços cruzados, devemos reivindicar melhorias”, reforça. Confira a seguir. 

 

Como tem sido a experiência da rede municipal de Caicó com o programa de inovação e tecnologia?

 Até antes da pandemia, a tecnologia ficava “de lado” no currículo, pois não havia como inseri-la no dia a dia. Para dar uma ideia, somente duas escolas da nossa rede têm laboratórios de informática. Agora, contudo, estamos revendo muita coisa, pois vamos inserir tecnologias digitais nas escolas de forma direcionada, olhando para as competências e habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). 

Essa nova visão é resultado de estudos e também do programa de assessoria técnica, que nos ajuda a construir uma visão mais ampla, além de saberes e competências específicas, sobre a importância da utilização da tecnologia em nossa rede municipal para melhorar a qualidade do ensino.  Os avanços serão sentidos pela rede principalmente a partir do próximo ano, mas já estamos trabalhando bastante, principalmente para melhorar a infraestrutura.

 

Quais são os pontos positivos que você destacaria do programa?

Eu destacaria o diagnóstico da rede, feito pelo Guia EduTec, pois a partir dele conseguimos traçar estratégias para usar as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) de forma mais planejada e eficaz nas escolas. 

Os aprendizados também merecem ser destacados. Durante a pandemia, nós usamos as tecnologias da maneira como fazíamos nos ambientes físicos das escolas. Agora, essa visão mudou. Entendemos a necessidade de explorar as diversas possibilidades dos recursos para tornar o seu uso mais eficaz, além de atender às diversas realidades existentes na rede de ensino, principalmente no que diz respeito ao letramento digital de professores e alunos. 

 

Quais são os desafios desse processo de transformação digital das escolas?

Nós temos 31 escolas, o que é uma quantidade significativa para uma rede do interior. O trabalho é grandioso, pois o desafio é impactar todas essas escolas de forma satisfatória. A Zona Rural teve um importante salto, pois implementamos internet em todas as unidades escolares, bem como equipamentos como: computadores e impressoras. 

No conceito da Escola Conectada [leia mais aqui], as quatro dimensões – visão, infraestrutura, competências e recursos educacionais digitais –  precisam estar em equilíbrio. Porém, na maioria das escolas da rede municipal, isso não acontece, seja por falta de políticas públicas, investimentos e estrutura nas escolas, seja pela forma como essas tecnologias chegam na rede e são integradas ao sistema educacional, ou ainda pela maneira como os conhecimentos tecnológicos se unem à didática de ensino e aos professores. 

As instituições de ensino estão se esforçando, mas faltam investimentos consistentes e compatíveis com as reais necessidades das escolas – e até um projeto que leve em conta a importância das tecnologias na educação de nosso país – para alcançarmos o status de Escola Conectada.

Outro desafio de um projeto como esse é mensurar o montante de recursos necessários para fazer todas as melhorias desejadas. O Guia EduTec Diagnóstico e a Calculadora de Infraestrutura são muito úteis nesse sentido, pois já nos dão um panorama da rede e dos investimentos necessários.

  

Vocês já conseguiram traçar possíveis soluções para os desafios encontrados? Quais conselhos você daria para gestores(as) e técnicos(as) envolvidos nas mesmas questões? 

As soluções envolvem discussões e planejamentos conjuntos com representantes do município, secretários, gestores, professores e/ou articuladores envolvidos no processo educacional. São diversas questões que precisam ser revistas, discutidas e planejadas para implementar o uso de tecnologias na rede de forma eficaz. 

Eu sugeriria aos gestores que façam uma reflexão sobre o uso das tecnologias para a melhoria dos processos de ensino e de aprendizagem, visto que a simples utilização de um equipamento tecnológico não pressupõe um trabalho pedagógico. Posteriormente, eu diria para traçarem metas e buscarem soluções viáveis. Os desafios também requerem investimentos financeiros, que, muitas vezes, estão aquém das possibilidades dos gestores. No entanto, não podemos ficar de braços cruzados, devemos reivindicar melhorias.

  

Quais são as expectativas da rede com o programa?

Queremos melhorar o processo de ensino e aprendizagem com o uso das tecnologias e, para isso, o nosso primeiro passo será elaborar estratégias e metas para aprimorar o uso das TICs na prática docente. 

Hoje a gente percebe que as tecnologias foram “descobertas” de forma muito dolorosa durante a pandemia, mas também houve ganhos. Conseguimos avançar muito em um ano, mas cada vez mais o professor precisa acreditar no potencial das tecnologias, estar seguro e conhecer suas especificidades para identificar como e em que momento os recursos podem auxiliá-los. 

 

 

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