Eu transformo a educação com tecnologia

Com a criação de comunidades de prática, a rede estadual do Espírito já conseguiu mobilizar 4 mil professores em um movimento colaborativo de aprendizagem e experimentação de ferramentas e práticas pedagógicas inovadoras, como conta a nossa entrevistada. Confira.

 

Qual é o papel das tecnologias digitais na rede de ensino do Espírito Santo? Conte um pouco como vocês utilizam esses recursos e os impactos desse trabalho, por favor.

As tecnologias têm um papel importante em nossa rede, e a maneira como fazemos uso desses recursos está avançando. No começo, tínhamos um foco muito grande em curadoria de recursos digitais. Estávamos nos apropriando das tecnologias e queríamos que os professores enriquecessem suas aulas, enriquecessem o currículo. Mas além de fazer essa curadoria, inserimos descritores de avaliações externas na plataforma e os associamos aos conteúdos disponíveis. Com isso, os professores conseguem buscar recursos específicos, o que é realmente útil nos finais dos trimestres e em atividades de recuperação, quando se deseja trabalhar com pontos específicos.

Esse foco da curadoria mudou a partir do momento em que começamos a trabalhar com a plataforma Google e com as metodologias ativas. Desde então, estamos focando na curadoria de ferramentas digitais que permitam aos professores desenvolver suas próprias atividades, como trilhas, formulários gamificados e outras propostas online e offline. A diretriz da secretaria é que até os materiais impressos inspirem o aluno a trabalhar com pesquisa, atividades mão na massa, projetos etc.

O próximo passo agora é catalogar essas produções e publicá-las em nossa plataforma de conteúdos digitais. Nós já registramos algumas produções e esse material teve muita aceitação. Outros professores agora querem compartilhar suas produções, e nós faremos isso, pois nosso objetivo é enriquecer a plataforma com atividades produzidas pelos professores da nossa rede. São atividades dos nossos professores feitas para os nossos alunos. A gente entende que isso é uma valorização profissional.

Como vocês mobilizam os(as) professores(as) da rede a participar dessa transformação digital da educação?

Estamos trabalhando com comunidades de professores. Temos mais de 15 comunidades virtuais, cada uma com uma vocação, um objetivo. Temos, inclusive, um grupo com educadores em nível avançado no uso de tecnologias. Eles produzem um material de muita riqueza pedagógica, de muita criatividade, pois têm olhar crítico, analisam os recursos, preveem cenários de uso. O mais importante é que eles têm colaborado muito com a formação de outros professores. Consideramos isso um avanço bem grande.

Claro que ainda tem muitos desafios. Muitos professores têm dificuldades em termos de infraestrutura. Mas, em breve, os professores vão receber recursos da rede para comprar notebooks e pagar pela conectividade. Tem muita gente de fora das comunidades ainda. Temos 13 mil professores na rede, mas somente 4 mil nas comunidades.

Mas esse é um movimento crescente, pois as comunidades fazem a comunicação circular e promovem a colaboração. É uma roda, um ciclo. Não posso nem chamar de ação formativa, pois é mais um movimento colaborativo de apropriação de ferramentas digitais para práticas inovadoras que atendam a esse momento de ensino remoto e híbrido.

A Seduc ES iniciou recentemente a aplicação da Autoavaliação de Competências Digitais de Professores(as). Qual é a motivação da secretaria?

Porque queremos entender melhor o tipo de formação que os professores da rede necessitam. E a partir dos resultados da Autoavaliação do CIEB, vamos montar comunidades específicas. Os professores que estiverem no primeiro nível de desenvolvimento de competências digitais terão um grupo específico para eles, e assim por diante. Mas nós vamos convidar os professores que estão no nível 5, no nível avançado, para que colaborem com a aprendizagem desse primeiro grupo. Também teremos grupos específicos para o eixo de prática pedagógica, outro para a cidadania digital, outro para o desenvolvimento profissional. As ações serão bem mais direcionadas do que agora, e acho que isso vai dar muito certo. A gente sente a empolgação dos professores.

Também estamos planejamento uma nova aplicação do Guia EduTec, pois queremos ter os dois lados: as competências dos professores e o nível de apropriação de tecnologias digitais da escola para trabalharmos as políticas dentro das dimensões do Guia EduTec.

 

 

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