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Publicação orienta como as secretarias de educação podem responder à pandemia e reinventar as experiências de aprendizagem

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Produzido por Lisa Duty especialmente para o público brasileiro, documento se baseia em projetos bem-sucedidos de inovação educacional realizados nos Estados Unidos. O relatório foi concebido após um encontro com o Consed e viabilizado pelas organizações Imaginable Futures, CIEB e Fundação Lemann

Nesse momento em que as secretarias de educação estão planejando o futuro de seus sistemas educacionais, os gestores e gestoras deveriam avaliar o que aprenderam com a pandemia e decidir se querem reinventar a escola e as experiências de aprendizagem ou continuar apegados às referências tradicionais. Quem faz a provocação é Lisa Duty, uma especialista em aprendizagem personalizada e híbrida que há 20 anos orienta departamentos estaduais de educação dos Estados Unidos em projetos de inovação educacional.

Ao longo dessas duas décadas, marcadas também por atuações em diferentes organizações e fundações, Duty acumulou uma experiência aprofundada no assunto e entendeu claramente quais são os elementos-chave para qualquer projeto de inovação educacional levado à cabo por secretários e secretárias estaduais de educação (leia abaixo).

Publicação traz recomendações sobre como as secretarias de educação podem responder à pandemia e reinventar as experiências de aprendizagem
Recomendações sobre como as secretarias de educação podem reinventar as experiências de aprendizagem

Suas ideias acerca do tema foram registradas especialmente para o público brasileiro na publicação Organização para Acelerar a Inovação Educacional no Nível Estadual, disponível aqui para consulta. O relatório foi concebido após um encontro em 2019 com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e viabilizado pelas organizações Imaginable Futures, Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB) e Fundação Lemann.

“Chegou a hora de mudar do modelo tradicional de educação para um modelo personalizado, baseado na aprendizagem para o domínio dos conhecimentos e centrado no aluno. Não porque se trata de algo de ‘inovador’, que atraia muita atenção, mas sim por responder aos desafios da pandemia e às necessidades das nossas crianças e jovens”, diz Duty, que é doutora em Educação Global pela Ohio State University.

Confira abaixo as 3 grandes recomendações da especialista às secretarias que desejam empreender projetos inovadores:

  1. Liderança colaborativa e distribuída

A transformação real da educação requer uma gama de competências, recursos e influência que só pode ser obtida de uma ampla coalizão de atores – trabalhando dentro e fora do sistema estatal. Para citar um exemplo, Duty conta o caso do estado de Rhode Island, que promoveu uma série de ações para inspirar e mobilizar professores, lideranças escolares, diretores, desenvolvedores de tecnologias e membros da comunidade escolar para criar, de forma colaborativa, um plano novo plano para o sistema público de educação.

  1. Alocação de recursos

Abraçar a inovação na aprendizagem significa mudar a forma como os recursos são investidos. Foi o que fez o Departamento de Educação da Carolina do Sul, posicionado entre o 3º e 9º estado mais pobre dos EUA, que identificou programas existentes em seu orçamento operacional que poderiam ser alinhados e alavancados para apoiar o aprendizado personalizado.

  1. Apoio aos primeiros adeptos

Para serem transformadores, os educadores precisam de conhecimentos e habilidades. “Todos os recursos do mundo não serão importantes para a inovação na educação se não forem seguidos por uma implementação de alta qualidade”, diz a autora na publicação. Alinhado a isso, o estado de Rhode Island, por exemplo, criou uma bolsa de estudos, com duração de dois anos, para cobrir a formação de professores e transformá-los em replicadores do ensino personalizado em suas escolas e distritos.

 

Um passo antes de repensar o sistema

Antes de colocar em marcha qualquer projeto de inovação, vale repensar profundamente o sistema educacional e assumir alguns compromissos, indica a autora. Há 3 grandes compromissos que precisam ser encarados:

  1. Entenda o seu porquê

É tempo de revisitar como e para quem o atual sistema educacional foi desenhado – e para quem ele não foi desenhado. Outras questões: o propósito da educação é definido por necessidades econômicas ou humanas? O propósito passa pelo fortalecimento da democracia, da justiça social? As dificuldades de aprendizado nessa pandemia têm causas maiores que o acesso à tecnologia? O porquê da tecnologia e da inovação em si também devem ser buscados.

  1. Crie uma cultura de inovação

Os estados comprometidos com a inovação precisarão desenvolver novas estruturas, novas mentalidades e adotar riscos, a fim de aumentar a inovação. Isso se resume à máxima “seja coerente com o seu discurso”. Quando o estado de Ohio criou o Fundo Ohio Straight A, dedicando e distribuindo US$ 280 milhões para pesquisa e desenvolvimento de inovação, o estado aceitou assumir riscos, aponta a autora. O governo também incentivou que os educadores apresentassem ideias de inovação. “Ohio sabia que nem toda inovação seria possível; arriscaria seu capital sobre o incognoscível e desafiaria distritos e parceiros a sonhar alto”, destaca.

  1. Concentre-se em criar equidade

De acordo com Duty, “é crucial entender que a educação foi, historicamente, projetada por líderes brancos para estudantes brancos. Devemos reconhecer que nossos sistemas foram cúmplices em perpetuar o racismo sistêmico, incluindo disciplinas discriminatórias, financiamento e escolha de pessoal desigual e até mesmo rastreamento e segregação de currículos”. Nesse sentido, novas mentalidades, modelos e ferramentas digitais podem contribuir para promover uma mudança real para os alunos mais marginalizados.

 

Sobre Lisa Duty 

Lisa Duty é a fundadora da Innovation Partners America, uma consultoria em educação que permite que estados e organizações criem novos resultados por meio da colaboração e da incubação   de novas ideias. Duty é especialista em aprendizagem personalizada e híbrida e orientou dezenas de agências estaduais de educação, escritórios governamentais, empreendedores, fundações, prestadores de serviços profissionais e distritos escolares em relação à inovação educacional.

A autora traz consigo 20 anos de experiência em estratégia educacional, política educacional, advocacy e design para o seu trabalho – incluindo o fato de ser sócia fundadora do The Learning Accelerator, por meio do qual ela apoiou os líderes estaduais a reimaginarem os seus papéis, missões e formas pelas quais os sistemas educativos podem ser reconstruídos tendo como foco a inovação e o alto desempenho.

Nos últimos anos, Duty atuou como consultora da MasteryTrack, uma organização sem fins lucrativos dedicada a promover o aprendizado baseado em maestria em escala por meio de tecnologia educacional, e como conselheira que contribuiu para a fundação da Imagine Worldwide, uma organização sem fins lucrativos dedicada a capacitar crianças em países em desenvolvimento para que a alfabetização precoce se desse por meio de um software livre e escalonável.

Como experiência anterior, Duty atuou como Diretora Sênior de Inovação no KnowledgeWorks. Foi consultora para transformação de escolas no Departamento de Educação de Ohio e também foi membra adjunta do corpo docente da Faculdade de Educação e Ecologia Humana da Universidade Estadual de Ohio (OSU). Duty tem um doutorado em Educação Global pela Ohio State University (OSU) com associações em Democratização e Transformação da Escola Secundária.

 

 

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