Após Lúcia Dellagnelo encerrar o seu ciclo de 7 anos à frente do CIEB, Julia Sant’Anna assume como nova diretora-presidente do CIEB e traz importantes experiências para a organização.
Doutora em Ciência Política pelo IESP/UERJ e mestre em Estudos de Desenvolvimento pela Universidade de Londres, foi secretária de Educação de Minas Gerais, entre 2019 e 2022, e subsecretária de infraestrutura e tecnologia da Secretaria Estado de Educação do Rio de Janeiro.
Conheça mais sobre sua visão e perspectivas para a educação nesta breve entrevista.
Quando e como foi o seu primeiro contato com o CIEB?
Em 2016, enquanto atuava na subsecretaria de infraestrutura e tecnologia da Secretaria Estado de Educação do Rio de Janeiro, tive a oportunidade de participar do primeiro encontro da série CONECTE-C, realizado pelo CIEB. Desde aquela época, já pude notar o potencial do CIEB em articular diferentes atores da educação pública e promover a inovação no ecossistema educacional.
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Qual a sua visão sobre o papel do CIEB no ecossistema educacional?
O CIEB é uma organização reconhecida nacional e internacionalmente e se consolidou como uma referência técnica no tema de tecnologia na educação. Tenho muito orgulho de suceder a Lúcia e dar continuidade ao seu trabalho. E quero fortalecer, ainda mais, a relação construída com as redes de ensino, ampliando em larga escala o uso da tecnologia na educação com qualidade e equidade.
Como você avalia o papel da tecnologia para promover maior qualidade e equidade para a educação pública brasileira?
Eu estive à frente da gestão de redes de ensino que passaram por grandes desafios financeiros e educacionais. O que eu percebo é que a tecnologia traz a possibilidade de atuar individualmente na necessidade de cada aluno e de cada escola e, ao mesmo tempo, organizar melhor a execução de ações que são importantes para a sustentabilidade da rede, como tratar de modo mais organizado e ágil a substituição de professores licenciados.
Sobre equidade, é um tema muito importante. Quando olhamos para as redes estaduais e municipais, percebemos a desigualdade nos resultados de aprendizagem de cada uma das escolas. E a tecnologia pode nos ajudar a trabalhar de forma mais dirigida com as equipes técnico-pedagógicas.
A informatização das matrículas em Minas Gerais, por exemplo, ajudou a viabilizar o acesso a escolas que eram conhecidas pelo bom resultado, mas que muitas famílias não tinham a oportunidade de frequentar, pois eram disputadas em um processo analógico de matrículas. A tecnologia, nesse caso, trouxe a garantia do direito das famílias de frequentar aquelas escolas.
Quais as suas expectativas para a Educação nos próximos anos?
Falamos constantemente em inovação, mas ainda agimos de maneira conservadora na educação. Nesse sentido, a pandemia nos permitiu fazer uso de estratégias inovadoras, até porque precisávamos. Minha expectativa é conseguirmos aumentar a escala das experiências de inovação, que ainda são localizadas em ilhas de excelência. E assim, democratizar essas práticas e viabilizar recursos, em todos os lugares do país.
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