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Redes relatam dificuldades para alcançar todos os estudantes no ensino remoto

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Representantes das Secretarias Municipais de Educação de Ilhéus (BA) e Araguaína (TO) também estão se esforçando para contribuir com a adaptação dos professores. ‘Guia de Implementação de Estratégias de Aprendizagem Remota’, do CIEB, traz orientações para os gestores públicos lidarem com os desafios desse projeto

Desde o início de maio a Secretaria Municipal de Educação de Ilhéus (BA) está usando as redes sociais e o WhatsApp para divulgar conteúdos pedagógicos às crianças e jovens de suas 56 escolas. Porém, uma parcela considerável dos 20 mil alunos matriculados não tem equipamentos e/ou acesso à internet de forma contínua. Esse percentual está estimado entre 30% e 40%, segundo Adriane Lidia Lavigne de Melo, coordenadora do Núcleo de Tecnologia Municipal da secretaria.

O caso de Ilhéus ilustra as dificuldades que as redes públicas estão enfrentando para alcançar todos os alunos nesse período de suspensão das aulas presenciais. No caso da cidade baiana localizada a 450 km de Salvador, a falta de conectividade está impedindo a continuidade do planejamento pedagógico. Os roteiros de aprendizagem não seguem necessariamente o currículo e tampouco os professores cobram a realização de exercícios ou atividades. “Como nem todos podem acessar os materiais, as escolas não podem exigir que os alunos entreguem tarefas. Como faríamos com aqueles que não têm internet ou equipamentos em casa?”, questiona Adriane.

Apesar disso, a secretaria está se esforçando para manter, pelo menos, o vínculo com os estudantes e suas famílias. Como parte dessa estratégia, “motos som” (uma variação dos carros de som) estão circulando pelas áreas mais afastadas da cidade para comunicar as ações em andamento. As rádios comunitárias e a TV local também foram acionadas com esse propósito.

A rede municipal está promovendo ainda atividades de formação para os professores com o objetivo de ajudá-los a se adaptar ao ensino remoto. “Muitos não têm familiaridade com as tecnologias educacionais e alguns demonstram até resistência em se apropriar desses recursos. Mas estamos trabalhando essas dificuldades por meio de diversas ações. Vale dizer que também tivemos surpresas positivas. Temos casos de professores que estão gravando videoaulas, o que representa um grande avanço”, comemora a gestora.

A opção pelos materiais impressos

Com 13 escolas na zona rural, a Secretaria Municipal de Educação (Semec) de Araguaína (TO) lida igualmente com os obstáculos gerados pela falta de conectividade. No entanto, desde a segunda quinzena de julho a rede está conseguindo distribuir materiais impressos a todos os estudantes da rede (são 20,8 mil, no total). Os conteúdos são preparados pelos professores e colocados à disposição para retirada nas escolas.

Além de buscar novas atividades semanalmente, os alunos (ou seus pais e responsáveis) também deixam exercícios e projetos realizados para avaliação dos professores, conta Maria da Guia, inspetora pedagógica da Semec e articuladora da Iniciativa BNDES Educação Conectada, um programa conjunto do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social(BNDES) e do Ministério da Educação (MEC) do qual a rede de Araguaína faz parte. O Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB) é um dos parceiros da ação.

De acordo com a gestora, ainda é cedo para avaliar os resultados da estratégia de aprendizagem remota adotada. “Nós ainda estamos nos encaixando nesse novo cenário. O desafio é grandioso para os professores”, reconhece Maria. “A situação também não está fácil para os alunos e suas famílias”, acrescenta.

Apoio às redes públicas

Desde o início da pandemia, o Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB) está apoiando as secretarias de Educação a lidar com os desafios da aprendizagem remota. Uma das ferramentas desenvolvidas especialmente para o período é o Guia de Implementação de Estratégias de Aprendizagem Remota.

A plataforma reúne informações práticas, materiais de referência, recomendações de leitura e ferramentas para apoiar as redes ao longo de todo o processo de adoção de práticas pedagógicas não presenciais, mediadas ou não por tecnologias.

As necessidades mencionadas pelas representantes de Ilhéus e Araguaína estão contempladas no Guia, para citar alguns exemplos. Há orientações específicas sobre como apoiar os professores nesse processo de adaptação, como definir os conteúdos de aprendizagem e disponibilizá-los aos alunos (de forma impressa, pela internet ou ainda pelo rádio e pela TV)  e, ainda, como manter o contato com as famílias.

Além desse material, o CIEB também já sistematizou sete Estratégias de Aprendizagem Remota (EAR) e desenvolveu a ferramenta Seleção de Estratégias de Aprendizagem Remota. Todos esses recursos foram criados para atender aos desafios identificadas em uma ampla pesquisa realizada em mais de 3 mil secretarias de Educação do Brasil durante o mês de março. O levantamento foi liderado pelo CIEB e contou com a parceria do Consed, Undime e Fundação Lemann.

 

Publicado em: Notícias Gerais