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CIEB Estudos 7: Como o mercado de tecnologias educacionais se relaciona com a rede pública

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Com 566 edtechs espalhadas por todo o Brasil, o mercado nacional de tecnologias educacionais conta uma série de recursos para apoiar tanto as práticas pedagógicas como os processos administrativos de instituições de ensino. Essas soluções, contudo, não chegam às redes públicas. De acordo com o Mapeamento de Edtechs 2020, realizado pela Abstartups e pelo Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB), somente 13% dessas edtechs têm em seu histórico negociações com o setor público. 

As razões desse quadro e os caminhos que podem levar à sua superação são temas do CIEB Estudos # 7 Como o mercado de tecnologias educacionais se relaciona com a rede pública de ensino, desenvolvido em parceria com o Plano CDE. Acesse aqui

A partir de entrevistas com representantes tanto do setor público como do mercado desenvolvedor de tecnologias, o estudo lista os seguintes entraves à inserção das tecnologias educacionais na rede pública: 

  1. Gestores e gestoras públicas ainda têm pouca familiaridade com as tecnologias educacionais. Por falta de conhecimento técnico, implantam soluções pouco integradas com a prática pedagógica e o currículo da rede. 
  2. De maneira geral, as escolas não têm infraestrutura adequada para o uso de tecnologias. A falta de conectividade é apontada como o principal problema.
  3. Docentes sem competências digitais. 
  4. Dificuldade para difundir as tecnologias no ambiente educacional pela falta de programas de formação continuada ou de apoio ao corpo docente.
  5. Os processos de compras públicas de tecnologia educacional são considerados complexos e morosos. 

 

O último tópico é destacado como um grande entrave. “Secretarias e órgãos da administração pública estadual e municipal que tiveram avanços nos compras públicas de tecnologias educacionais nos últimos anos só alcançaram tais feitos por construírem um cenário institucional onde existiam, concomitantemente, três fatores. O primeiro deles é previsão orçamentária e decisão política clara para a aquisição de tecnologias educacionais. O segundo é a existência de uma equipe multissetorial (pedagógica, TI e licitações) engajada e capacitada, com domínio dos trâmites e burocracias internas. Por fim, a aquisição prévia ou paralela da infraestrutura necessária para o uso das tecnologias educacionais por alunos e professores, como hardwares e serviços de conectividade”, aponta Thalles Gomes, coordenador jurídico e de parcerias públicas do CIEB. 

A falta deste cenário tende a  levar gestores e gestoras a adotar uma postura mais conservadora em relação à compra de tecnologias educacionais, aponta o material. 

Como melhorar essa relação 

Além de fortalecer tecnicamente as equipes que compõem as secretarias de educação, as entrevistas ctambém apontam para a necessidade de tornar as regras dos processos de compras mais flexíveis para acolher as particularidades das edtechs. 

“Muitas vezes, os contratos do governo têm como referência o modelo de negócios das empresas tradicionais, e não contemplam as características das startups, cuja capacidade de atuação do time e modelo de entrega da solução e tecnologia são diferentes. Os longos prazos dos contratos públicos, que requerem certa estrutura financeira das empresas, os corriqueiros questionamentos de órgãos de controle e a possibilidade de interrupção dos contratos em mudanças de governo também dificultam as negociações. Como resultado, somente as grandes empresas ou as startups mais maduras conseguem participar das compras públicas”, explica Rafael Camelo, diretor de avaliação da Plano CDE. 

A aproximação entre os dois campos é considerada importante para transformar os processos de ensino e aprendizagem e, especialmente nesse momento de pandemia, para possibilitar as práticas do ensino remoto e híbrido. 

Para fazer o download do estudo, acesse aqui.

 

Publicado em: CIEB Estudos