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A cultura digital e a melhoria da educação pública, na gestão e na aprendizagem

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Uma atenta plateia de educadores e gestores participou, dia 28 de março, do segundo encontro da série Ciência e educação: conexões, promovida pela Rede Nacional de Ciência para Educação, em parceria com o Instituto D’Or, no Rio de Janeiro (RJ). O tema do debate, em sintonia com o cotidiano do mundo conectado, foi o potencial da tecnologia para melhorar a educação no Brasil. A palestra ministrada por Lúcia Dellagnelo, diretora-presidente do CIEB, abordou os ganhos do uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) na administração das redes de ensino e nas salas de aula.

Ao tecer um panorama da realidade nos municípios e estados brasileiros, Lúcia ressaltou o desafio de se lidar com a ineficiência de processos nas secretarias de Educação, seja no controle de matrículas, de merendas, de atividades de professores. “Na grande maioria das vezes, os gestores tomam decisões baseadas em suas experiências; e, quando não têm experiência, decidem por suas próprias cabeças, sem apoio de indicadores, estudos ou evidências. Por isso, existe uma grande margem de eficiência, nas secretarias de Educação, que poderia poupar recursos e tempo, de modo que os educadores focassem seus esforços na promoção da aprendizagem”, disse a especialista.

Lúcia apontou que, “quando se faz uma análise do orçamento total da educação, o Brasil não está tão mal”. No entanto, alertou ela, os resultados educacionais são muito ruins nas avaliações tanto internas quanto internacionais. Um dado que chama a atenção, segundo ela: 90% dos alunos que saem do ensino médio – e esses já são uma minoria que consegue concluir essa etapa – não aprenderam o que deveriam ter aprendido. “Então, mesmo quando se consegue manter o aluno na escola, o nível de aprendizagem é muito baixo”, lamenta Lúcia.

Assim, o uso de tecnologia poderia otimizar tanto os processos de gestão, quanto os processos de aprendizagem. Como exemplo de ganhos de eficiência que a tecnologia pode trazer à gestão, de modo que os recursos sejam melhor utilizados e se consiga criar um ambiente mais propício à aprendizagem, a diretora-presidente do CIEB elencou sistemas de avaliação, sistemas de atribuição de aulas a professores, sistemas de transporte, de comunicação com a comunidade escolar. “Por que gastar tempo fazendo chamada de presença se um sensor instalado na porta pode fazer essa tarefa, liberando o professor para usar esse tempo na atividade pedagógica?”, exemplificou, contando que a prefeitura de Niterói (RJ) chegou a economizar R$ 20 milhões no primeiro ano de contratação de um sistema de gestão que incorporou diversos setores, como merenda, transporte, entre outros.

Na aprendizagem, destacou Lúcia, a tecnologia é um agente de promoção de qualidade e de equidade – embora a utilização de ferramentas e soluções digitais em sala de aula ainda seja um desafio não apenas no Brasil, mas também no mundo. É possível usar a tecnologia em projetos de grande impacto, como aconteceu no Amazonas, com o Centro de Mídias, que leva aulas de alta qualidade, produzidas na capital, Manaus, até escolas de populações ribeirinhas, que não teriam acesso a esse tipo de ensino, disse Lúcia.

Porém, os professores precisam ser preparados para usar a tecnologia de modo eficaz: “Não são apenas os alunos que precisam desenvolver competências digitais, mas também gestores e professores”. Lúcia contou que o CIEB desenvolveu e lançou, para acesso gratuito, uma ferramenta para avaliar quais as competências dos professores no uso de TICs e orientar as redes de ensino e os próprios docentes nas estratégias de formação continuada e desenvolvimento profissional.

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