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Coordenadora do Núcleo de Tecnologias Educacionais (NTE) da Secretaria Municipal de Educação de Petrolina (PE), Arlete Reges Germanio Gouveia conta como tem sido a experiência da rede de ensino com o programa de assessoria técnica do CIEB
Com 133 escolas e 48.327 estudantes matriculados, a rede municipal de Petrolina (PE) promove há anos o uso de tecnologias digitais no aprendizado. Contudo, apesar dos bons resultados, somente agora a secretaria está prestes a elaborar um planejamento sólido e embasado para induzir, independentemente da gestão que estiver no comando, ações de inovação educacional com o uso de tecnologias.
A elaboração desse plano está acontecendo no âmbito do programa ‘Gestão de Inovação e Tecnologia na Rede de Ensino’, realizado pelo CIEB em parceria com a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e o Instituto General Motors (IGM).
Trata-se de um programa de assessoria técnica para 12 redes municipais e duas estaduais com a finalidade de estabelecer um processo contínuo de formação e planejamento para a incorporação de tecnologias digitais na prática pedagógica, ao mesmo tempo em que desenvolve líderes educacionais para a transformação digital (leia mais aqui).
Na entrevista que segue, Arlete Reges Germanio Gouveia, coordenadora do Núcleo de Tecnologias Educacionais (NTE) da rede, destaca a importância tanto do engajamento dos/as docentes como do alto escalão da secretaria para a estabilidade e o avanço de uma política pública de inovação educacional. Confira.
Antes do programa de assessoria técnica, em que ponto estava a rede de Petrolina no processo de inovação educacional com o uso de tecnologias?
Há mais de uma década, nós temos um Núcleo de Tecnologias Educacionais (NTE) na rede de Petrolina. Esse trabalho começou com a construção dos primeiros laboratórios de informática, implementados pelo ProInfo, o Programa Nacional de Informática, e se desdobrou em uma série de ações, inclusive de formação de professores. Contudo, como cada gestão tem seus objetivos, o NTE chegou a perder força em alguns momentos, especialmente quando entendeu-se que não havia necessidade de articuladores para o uso das tecnologias na escola. Com a nova gestão, a situação melhorou e agora estamos com o programa de assessoria técnica do CIEB, que era algo que realmente precisávamos.
De maneira geral, como tem sido a experiência de sua rede de ensino nesse programa de inovação e tecnologia?
O programa começa com a formalização de um compromisso, e este é um dos aspectos mais positivos na minha opinião. Nós, do NTE, podemos formular muitas ações, não vamos conseguir executá-las plenamente sem a adesão da secretaria. Agora nós temos esse compromisso, e esse aspecto é central. As ações só acontecem quando o gestor reconhece a importância de sua implementação. Outro ponto alto do programa é o diagnóstico gerado a partir do questionário do Guia EduTec Diagnóstico. Foi uma experiência excelente, pois pela primeira vez tivemos essa visão do todo.
Vocês tiveram alguma surpresa com o diagnóstico?
A gente já sabia o resultado que viria em infraestrutura, pois temos deficiências em termos de equipamentos. Mas o restante foi bem positivo. A gente viu, por exemplo, que quase todos os professores acreditam que as tecnologias podem favorecer a aprendizagem. Ficamos muito contentes com isso, pois o professor só começa a utilizar tecnologias quando acredita em seu potencial.
Esse resultado também mostrou que as ações realizadas ao longo dessas décadas geraram bons resultados. O professor, apesar de muitas vezes não ter acesso a tecnologias em sala de aula, reconhece sua importância e sabe usá-las. Isso ficou claro na pandemia. Recentemente, realizamos um evento, a Semana de Tecnologias, e compartilhamos uma série de projetos desenvolvidos de forma muito autônoma e autoral por nossos professores.
Partindo do diagnóstico, qual é o plano de ação da rede de Petrolina?
Após o diagnóstico, o Grupo de Inovação e Tecnologia (GIT) elaborou um plano para melhorar todas as fragilidades que foram apontadas. A primeira ação prevista é a elaboração de um documento oficial para nortear a política de uso de equipamentos e internet nas escolas. A formação de professores é outra ação planejada. Estamos na etapa de analisar esse aspecto e entender o que a gente já faz e o que precisamos melhorar, como o acompanhamento dos resultados, da aplicabilidade dos recursos e práticas apresentados.
Também planejamos montar um repositório para publicar e disseminar, a partir de uma curadoria, o que os professores estão produzindo em termos de recursos digitais e práticas inovadoras. Essa socialização também é importante para a valorização do professor.
Outro plano é criar um fórum com a participação de representantes da comunidade escolar, como gestores, pais e professores, para compartilhar os pontos positivos do trabalho que está sendo realizado e também as fragilidades. Acho que quando a gente envolve as pessoas fica mais fácil atingir as ações planejadas.
Vocês estão há quase um ano nessa jornada e já passaram por várias etapas e até algumas transformações. É um processo viável e recomendável a outras redes de ensino, em sua opinião?
Sim, com certeza. Este programa de assessoria só tem aspectos positivos para a rede, pois direciona o trabalho e faz essa junção do setor de tecnologias educacionais com o gabinete. Como já mencionei, se não tiver o apoio da gestão, não vamos adiante. As ferramentas disponibilizadas também são muito boas. Todos os gestores estão satisfeitos com o Mapa de Conectividade, pois agora eles podem acompanhar a velocidade da internet de suas escolas e cobrar dos provedores qualquer diferença na entrega do serviço contratado.
Todos esses resultados se devem também ao GIT. Este é um trabalho em grupo. Quando chegamos na etapa de planejamento da infraestrutura, a gente contou com a participação direta da pessoa do financeiro, por exemplo. Somos uma equipe com apenas cinco pessoas, mas cada um está contribuindo dentro de sua área, colaborando o colega, conferindo dados, dando sugestões. Esse grupo é de suma importância e faz toda a diferença em um projeto como esse.
Você mencionou o impacto negativo das contínuas mudanças de gestão. Quais são as expectativas com os desdobramentos do programa de assessoria?
Nesse momento, estamos construindo um plano municipal de uso da tecnologia, que já era um objetivo nosso, e sempre achei que era isso o que faltava para nós. A assessoria prevê essa formalização e inclusive a edição de um decreto. Essa regulamentação muda muita coisa, pois as ações vão acontecer independentemente de quem estiver na gestão. As expectativas, portanto, são muito positivas.
Publicado em: Notícias Gerais