Eu transformo a educação com tecnologia

Artur Pires de Camargos Júnior

Com o objetivo de inserir definitivamente a tecnologia na prática pedagógica, a rede municipal de ensino de Tocantins (MG) adotou a ferramenta de Autoavaliação de Competências Digitais de Professores e já iniciou um plano de formação continuada para os seus 120 docentes. Quem conta a experiência é o Secretário Municipal de Educação e Cultura, Artur Pires de Camargos Júnior

 

A rede municipal de ensino do Tocantins adotou recentemente a Autoavaliação de Competências Digitais de Professores. De onde partiu a motivação para fazer uso da ferramenta?

Quando iniciei a gestão, em 2021, percebi que precisávamos desenvolver competências digitais entre nossos professores, pois, no geral, eles tinham pouca familiaridade com o uso das tecnologias para fins didático-pedagógicos.

As ações participaram da metodologia “Gestão de Competências Digitais de Professores de Educação Básica”, elaborada por mim a partir de uma série de pesquisas. Trata-se de um manual dividido em cinco etapas e que contém, entre outras referências, as matrizes de competências digitais da União Europeia e as do CIEB.

Uma de suas etapas consiste justamente em verificar os gaps –  e é aí que o CIEB entrou. Aplicamos a Autoavaliação de Competências Digitais de Professores para entender quais eram as lacunas de nossos professores em termos de competências digitais.

 

 

Em que medida a ferramenta foi importante para a rede municipal?

A ferramenta foi muito importante, pois as perguntas do questionário focam diretamente o uso da tecnologia para fins didático-pedagógicos. Para os professores, a Autoavaliação está bem calibrada, e seus resultados, juntamente com a Análise Swot [técnica de planejamento estratégico para identificar forças, fraquezas, oportunidades e ameaças] realizada previamente, nos deram as bases para a criação de um plano de formação continuada para nossos professores.

Por outro lado, sentimos falta de uma adaptação – tanto da ferramenta como da matriz de competências –  para os gestores, que são figuras centrais nesse processo de desenvolvimento de competências digitais. Se eles não estiverem seguros, se não tiverem competências digitais bem desenvolvidas, como vão conduzir os professores?

 

Quais resultados já podem ser destacados do plano de formação?

Elaboramos o plano de formação no primeiro semestre de 2021 e no segundo semestre o ajustamos com os resultados da Autoavaliação de Competências Digitais. Em seguida, iniciamos as ações. Vamos retomá-lo em 2022, focando as habilidades da área pedagógica. O que a gente observou foi que, comparado com outros municípios do Estado e até outros municípios do Brasil, nossos resultados não são muito diferentes. Porém, estamos aquém da realidade quando se verifica a questão da prática desses professores. Eles ainda estão no nível da alfabetização tecnológica, com exceções, claro. Mas com a ajuda de parceiros muito importantes, como as startups Classmaker e Papo Docente, além do Núcleo de Tecnologia Educacional ligado à Superintendência Regional de Ensino de Ubá, conseguimos promover as ações de formação continuada. Todos os nossos 120 profissionais da Educação participaram.

 

Por que focar nas habilidades pedagógicas em 2022?

Vamos focar principalmente nas quatro competências da área pedagógica porque elas são as mais necessárias neste momento. O professor precisa conseguir usar esses recursos para ensinar, para mediar um conteúdo, para registrar seu trabalho e avaliar os resultados desse trabalho.

 

Vocês pretendem incorporar de maneira definitiva o uso de tecnologias nos processo de ensino e aprendizagem?

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9394/96, Art. 32, parágrafo 4º) já falava que o ensino a distância poderia ser utilizado em situações de emergência. Infelizmente, não houve planejamento para essas situações e o resultado foi que, para muitos professores, o ensino remoto durante a pandemia foi uma experiência penosa. Por outro lado, a vivência com as tecnologias agregou muito valor ao trabalho docente. Agora, portanto, não é hora de desistir, mas de levar esse aprendizado para a sala de aula presencial e para o trabalho pedagógico de planejamento e reflexão do professor.

Com a volta às aulas no modelo presencial, nosso objetivo é usar prioritariamente a tecnologia na escola, dentro ou fora da sala de aula. Mas conforme nossos professores avançarem em termos de competências digitais, vamos expandir esse uso. Até 2024, queremos que todos saibam criar um blog, por exemplo. Também queremos que eles tenham condições de trabalhar com a Sala de Aula Invertida e outras metodologias ativas, indicando vídeos, entre outras atividades, para os alunos se preparem em casa antes da aula com o professor.

Em breve, trabalharemos com programação, robótica e cultura maker, tudo isso de forma alinhada com o Currículo Referência de Minas Gerais. Vamos começar com um projeto piloto, mas a ideia é expandir o projeto para todas as instituições.

Publicado em: transformadores