Divulgada este mês pelo Cetic.Br, a pesquisa TIC Educação 2018 revelou um aumento de interesse dos docentes pelo uso de tecnologia não apenas em sala de aula, mas também para aprimorar o seu desenvolvimento pessoal.
A diretora-presidente do CIEB, Lúcia Dellagnelo, comenta esse e outros indicadores do uso pedagógico de tecnologia sistematizados no levantamento que envolveu escolas urbanas de ensino básico em todo o país.
1. A pesquisa apontou que o número de professores que utilizam internet para desenvolver ou aprimorar seus conhecimentos sobre o uso de tecnologias nos processos de ensino e de aprendizagem subiu de 58%, em 2017, para 76%. A que você atribui esse crescimento no interesse pelo uso pedagógico da tecnologia?
Os professores estão cada vez mais conscientes de que a tecnologia pode ser uma grande aliada no processo ensino aprendizagem, principalmente porque engaja o jovem e o conecta com múltiplas fontes de conhecimento. Além disso, a tecnologia ajuda o professor em tarefas burocráticas, liberando-o para focar em atividades pedagógicas.
2. Os educadores entrevistados demonstraram maior interesse em pesquisar o uso de tecnologias em sua própria disciplina de atuação (65%). Como está a oferta de Recursos Educacionais Digitais (REDs) hoje, no Brasil? Onde os educadores podem encontrar esses recursos e como saber identificar os que melhor atendem suas necessidades?
No Brasil existe uma plataforma de recursos educacionais mantida pelo MEC (Plataforma MEC RED), que disponibiliza milhares de REDs aos professores. As redes estaduais também participam da rede Escola Digital, com repositórios próprios de REDs organizados segundo seus currículos. O importante é os professores saberem selecionar REDs de qualidade alinhados ao objetivo de aprendizagem, e que possam ser utilizados por meio da infraestrutura disponível na escola.
3. Como você avalia a formação docente para uso de tecnologia nas universidades brasileiras? A pesquisa mostrou que 90% dos professores aprenderam sozinhos a usar as tecnologias, 87% buscaram ajuda de parentes e 82% recorreram a seus pares. Como tornar essa formação sistemática, integrada à carreira, de modo a otimizar e qualificar o acesso dos educadores às tecnologias educacionais?
É preciso considerar as competências digitais como essenciais para o exercício da profissão docente no século 21. Os professores precisam saber como integrar tecnologias na sua prática pedagógica, como promover discussões sobre temas relacionados à cidadania digital e como a tecnologia pode ajudar em seu desenvolvimento profissional. Para isso é necessário a inclusão da tecnologia não somente como tema transversal, mas como componente curricular obrigatório na formação inicial de professores. Além disso, é preciso proporcionar formação continuada sobre o uso pedagógico da tecnologia para que os professores possam ter acesso a inovações pedagógicas mediadas pela tecnologia.
4. Qual o papel do professor na construção da cidadania digital? Considerando-se que menos da metade dos estudantes (44%) de escolas urbanas enxerga os professores como fontes de informação sobre o uso de tecnologias, como fortalecer o educador enquanto agente de formação dos cidadãos digitais?
O papel do professor é fundamental na orientação para o uso reflexivo, crítico e ético da tecnologia. O impacto da tecnologia na vida dos indivíduos e na sociedade deve ser discutido, a fim de formar cidadãos que possam fazer escolhas conscientes sobre os benefícios e os riscos de determinadas tecnologias. Mas os professores precisam receber formação específica sobre cidadania digital para que possam promover discussões qualificadas sobre este tema.
5. Pesquisada primeira vez na TIC Educação, a questão de proteção de dados pessoais apareceu como preocupação para 59% dos coordenadores pedagógicos das escolas. Esse tema está recebendo a atenção adequada dos gestores educacionais? Que avanços poderiam ser promovidos para aumentar a consciência sobre a importância da privacidade de dados dos alunos?
Este tema é uma preocupação, mas ainda não é uma prioridade de ação para a maioria dos gestores educacionais. À medida que o uso pedagógico da tecnologia nas escolas seja intensificado, este tema certamente ganhará mais atenção. Dados sobre aprendizagem podem ser muito úteis para personalizar o ensino, mas devem proteger a privacidade dos estudantes para que não gerem nenhum tipo de discriminação.
Publicado em: Notícias Gerais