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O desafio de adaptar o currículo para a aprendizagem remota: a experiência da rede municipal de Santa Maria

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A partir da BNCC e de documentos orientadores locais, Secretaria Municipal de Educação define critérios para a flexibilização curricular. ‘Guia de Implementação de Estratégias de Aprendizagem Remota’, do CIEB, traz orientações sobre como conduzir o processo

Localizada a 290 km de Porto Alegre, a cidade de Santa Maria (RS) tem uma rede municipal de educação formada por 79 escolas de educação infantil, ensino fundamental, EJA educação profissionalizante e do campo. E assim como em praticamente todo o país, as crianças e jovens (20 mil, aproximadamente) estão realizando atividades remotas de casa, alguns por meio de plataformas online de aprendizagem, outros por meio de materiais impressos.

“A variedade de estratégias se deve às condições dos alunos, que são muitos desiguais. Muitos só têm o celular dos pais para acessar a internet – isso quando há internet. Além disso, nem todos têm suporte em casa para estudar”, conta Medianeira dos Santos Garcia, coordenadora pedagógica da área de ciências humanas da Secretaria Municipal de Educação de Santa Maria.

Dadas as condições, a SMEd percebeu que a necessidade de reorganizar o currículo. A partir da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), do Referencial Curricular Gaúcho (RCG) e do Documento Orientador Curricular do Município, a equipe pedagógica da rede elegeu as competências que, necessariamente, teriam de ser desenvolvidas. “Isso não quer dizer deixamos coisas de lado. Apenas tivemos a preocupação de destacar aquilo que não poderíamos deixar de trabalhar. Com isso, chegamos a um currículo emergencial considerando as condições da nossa comunidade escolar”, conta Garcia.

Entre outros critérios utilizados, a rede buscou selecionar objetos de aprendizagem que pudessem ser trabalhados de maneira interdisciplinar. “Professores de diferentes áreas atuaram em equipe para selecionar essas aprendizagens. Essa mudança curricular também está sendo importante para os docentes, pois quando eles têm o retorno dos estudantes e percebem as dificuldades de aprendizagem da turma, conseguem se apoiar e pensar em soluções em conjunto. Esse suporte mútuo tem grande valor, pois os professores também estão desafiados”, diz Garcia.

Para aumentar o engajamento dos estudantes, a rede também selecionou conhecimentos relacionados a questões do mundo contemporâneo e a situações cotidianas. “Estamos trabalhando com questões relacionadas a escravidão, racismo, imigração, xenofobia, questões de direitos humanos, valorização da vida. Trouxemos esse cunho mais social, mais próximo da realidade, para reforçar o sentido dos estudos. Os estudantes precisam ver a escola como um ponto de luz”, explica a coordenadora pedagógica.

Um guia prático para os gestores

Assim como a SMEd de Santa Maria, muitas outras redes estão optando pela flexibilização curricular. E como a reabertura das escolas acontecerá de forma gradual, a tendência é que a prática se mantenha em alta nos próximos meses.

O Guia de Implementação de Estratégias de Aprendizagem Remota, desenvolvido pelo Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB), reúne orientações práticas para apoiar gestores e gestoras de secretarias de Educação na adoção de práticas pedagógicas não presenciais.

O conteúdo da plataforma está dividido em nove seções (correspondentes às nove etapas de implementação) e uma delas é justamente dedicada ao quê ensinar. Além de informações, o Guia traz uma série de ferramentas para apoiar as diversas frentes desse trabalho.

Na SMEd de Santa Maria, um dos recursos adotados foi o Diário do professor em tempos de aulas não presenciais, desenvolvido para apoiar os docentes na tarefa de documentar os conteúdos enviados aos estudantes, registrar o acesso de cada aluno aos conteúdos e acompanhar as atividades realizadas durante o período de aulas não presenciais.

“Nós adaptamos esse documento para criarmos o nosso próprio Diário, pois tínhamos algumas especificidades locais. Mas foi importante ter essa base, pois trata-se de uma ferramenta muito importante para acompanhar a aprendizagem dos alunos”, informa Garcia.

Todos os materiais são gratuitos e podem ser consultados, baixados e editados. Para conferir, acesse https://aprendizagem-remota.cieb.net.br/guia

 

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