Do Porvir
Mesmo com o rápido desenvolvimento tecnológico, o uso social dessas ferramentas ainda acontece de forma desigual pelo mundo. Isso é o que aponta uma nova publicação divulgada pelo NMC (New Media Consortium), que examinou o avanço da alfabetização digital em diferentes países. Encomendada pela empresa desenvolvedora de softwares Adobe, a segunda parte da pesquisa “Alfabetização Digital no Ensino Superior” compara padrões curriculares internacionais para estimular o debate sobre a integração do letramento digital em diferentes disciplinas.
De acordo com a publicação, a valorização dessas competências acompanha as transformações vividas pelo mundo do trabalho. Em um contexto de pós-Segunda Revolução Industrial, com a ascensão de campos como a robótica, o transporte autônomo, a biotecnologia e a genômica, são exigidas novas habilidades que mesclam conhecimentos técnicos, criativos e complexos.
Para atender ao perfil de profissões do futuro, o letramento digital assume um papel de grande importância. “As ferramentas digitais são apenas facilitadoras, empurrando o envelope do que os alunos podem criar. Já não é aceitável que eles sejam apenas consumidores passivos de conteúdos; eles podem contribuir para o conhecimento do ecossistema local e global, discutindo e produzindo mídia, aplicativos e objetos”, diz o relatório.
O estudo identificou três diferentes tipos de letramento digital, cada um com padrões e potenciais distintos: o letramento universal, que prevê a familiaridade básica com o uso de ferramentas digitais, incluindo o uso de softwares de produtividade, manipulação de imagens e criação de conteúdos para web; o letramento criativo, que envolve todos os aspectos da anterior e ainda adiciona novas técnicas relacionadas à produção de conteúdo, incluindo a edição de vídeos, criação de áudios, animação e programação; e o letramento entre disciplinas, difundido em diferentes aulas com apropriações únicas para cada contexto de aprendizagem, como trabalhar o relacionamento interpessoal online em um curso de sociologia.
Apesar do uso crescente de tecnologia na educação, a pesquisa ainda alerta que o contato com dispositivos móveis, softwares e ferramentas de criação não garante que os estudantes universitários estejam preparados para se adaptar aos novos contextos produtivos. “Eles também devem ser capazes de se adaptar de forma intuitiva aos novos ambientes digitais, desenvolvendo hábitos que cultivam a aprendizagem ao longo da vida e o domínio contínuo de novas competências, dado o ritmo acelerado de desenvolvimento tecnológico e seus usos práticos”, adverte.
Os esforços para desenvolver essas competências digitais também são desiguais em muitos países. A publicação aponta que o clima político e econômico de cada nação exerce grande influência sobre o progresso do letramento digital. Enquanto o Oriente Médio gerencia com mais ênfase o seu currículo de literacia midiática, como uma resposta ao domínio do governo sobre a mídia local, nos Estados Unidos, a onda de notícias falsas em torno da eleição presidencial colocou a alfabetização para as mídias como um tema de grande relevância.
A partir de uma análise de diferentes padrões curriculares para o desenvolvimento de competências digitais, o estudo identificou que eles não sofrem grandes variações em seus aspectos essenciais, mas apresentam focos diferentes no que se refere ao incentivo da participação cívica por meio de plataformas digitais, uso político e social da tecnologia, valorização da liberdade de expressão ou simplesmente o domínio técnico e pessoal.
Por fim, o estudo no NMC aponta como o letramento digital pode se manifestar em diferentes áreas. No mundo dos negócios, por exemplo, ele pode estar direcionado à manipulação de dados e ao uso avançado de softwares para promover a gestão da informação. Enquanto isso, nas disciplinas humanas essa alfabetização favorece a literacia da informação.
O segundo volume da publicação “Letramento Digital no Ensino Superior” está disponível, em inglês, neste link.
Publicado em: Notícias Gerais