Conecte-C aborda o uso de tecnologias para a redução das desigualdades raciais e acesso à educação

No dia 11 de setembro o CIEB realizou uma nova edição do Conecte-C, um evento dedicado à troca de conhecimentos, de diálogo e interação entre diferentes atores da educação pública.

Na ocasião, tivemos lançamento da nota técnica Gestão com tecnologias para redução de desigualdades educacionais: caminhos para promoção da equidade racial na educação, com transmissão ao vivo no canal do CIEB no Youtube.

Além da apresentação da nota, o evento promoveu debate entre Clarissa Lima, parceira do CIEB na construção da publicação, pesquisadora do Grupo de Estudos Multiculturais do CNPq (GEM) e membro do Coletivo Aqualtune Lab, e um grupo de especialistas convidados.

“Essa nota técnica é um passo inicial para que a gente possa trocar e construir outros caminhos a partir desta publicação. Pretendemos ter outras produções sobre esse assunto e contamos a contribuição de vocês para ampliar esse debate. A ideia é ter conteúdos úteis para redes de ensino e para quem está no exercício diário da educação pública”, afirmou a gerente do CIEB, Izabella Cavalcante, em sua fala inicial no evento.

Antes da discussão entre os participantes, Clarissa Lima apresentou os principais destaques da Nota Técnica.

“A educação é um direito. E a gente precisa olhar para a raça nesse lugar das desigualdades e como a gente transversaliza a tecnologia nessas conversas”, iniciou a autora da nota. “Precisamos pensar como o uso das tecnologias pode contribuir na promoção de acesso à educação de uma forma mais equitativa”, complementou Clarissa.

“Quando a gente fala da tecnologia em educação a primeira imagem que vem à mente é o uso de equipamentos eletrônicos e aqui a gente está falando de outro lugar: a importância dos dados, do sistema de gestão e da informação sobre os estudantes”, apontou Izabella Cavalcante.

Debate

Durante o debate, Ariana Britto, policy manager na J-PAL Latin America and the Caribbean, ressaltou que escolas com mais estudantes negros são aquelas com maiores deficiências de infraestrutura e a importância das parcerias entre o setor privado, governo e o terceiro setor como mecanismos essenciais para garantir o acesso à infraestrutura adequada para todos.

“Apesar da ‘quase universalização’ do acesso à educação, ainda existem cerca de 2 milhões de crianças fora da escola, o que demonstra falhas significativas na utilização de tecnologias educacionais como ferramentas de apoio para promoção da inclusão”, destacou em sua fala.

Ivan Siqueira, professor da Universidade Federal da Bahia e ex-conselheiro do CIEB, trouxe uma perspectiva crítica ao discutir as múltiplas dimensões das dificuldades enfrentadas no campo educacional, destacando que até mesmo as soluções técnicas apresentam seus próprios desafios.

“É importante não perder de vista uma abordagem abrangente e integral das questões que envolvem tecnologia e educação, lembrando que os dados existem, mas muitas vezes não são utilizados por razões que vão além do técnico. Precisamos entender a quem esses dados realmente servem e como eles poderiam ser melhor aproveitados para a sociedade.”

Iara Viana, gerente de Políticas Públicas e Responsabilidade Social do Instituto Natura, destacou a inovação do tema, no sentido de conversar sobre o uso de dados no âmbito de raça. “É como se a pauta raça, negritude e racismo ficasse apenas ancorada no estudo das ciências humanas e quando a gente, estatisticamente, traduz isso em dados e informações começamos a ganhar um espaço notório de poder”, refletiu a gerente.

Próximos passos

Julia Sant’Anna, diretora-executiva do CIEB apontou algumas iniciativas do CIEB que podem trazer capilaridade ao avanço dos sistemas de gestão nos territórios.

“Estamos acompanhando os estados através do GT de Tecnologia do Consed e, em breve, lançaremos um jornada autoguiada que vai contribuir com a aferição do grau de adoção da tecnologia e sistemas de gestão nos municípios”, indicou.

A diretora no CIEB destacou ainda a importância de apontar caminhos para trazer mais equidade educacional a partir da adoção de sistemas de gestão, reconhecendo a contribuição dessas tecnologias como facilitadores dos processos de gestão educacional, tais como matrículas de estudantes, alocação de professores nas turmas, organização e gestão de quadros de horários e acompanhamento de nota e frequência dos(as) estudantes, sendo este último macroprocesso fundamental para desenvolvimento de estratégias de mitigação das desigualdades e promoção de equidade no ambiente escolar.