Conecte-C

1º CONECTE-C: Educação e tecnologia: mundos e tribos diferentes?

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Na primeira edição do CONECTE-C, série de encontros mensais que reúne educadores, empreendedores, pesquisadores e gestores públicos para discutir temas relevantes ligados à inovação na educação, o CIEB convidou três especialistas para conversar sobre a relação entre o setor público e os empreendedores no momento da aquisição de insumos de tecnologia educacional.

Julia Sant’Anna, assessora especial da subsecretaria de infraestrutura e tecnologia da Secretaria de Estado e Educação do Rio de Janeiro, explicou o comportamento do setor público diante do apetite de empreendedores por contratos que garantam o acesso de seus produtos digitais às salas de aula da rede e sugeriu que as duas partes se esforcem para se adequar à realidade do outro. Neste sentido, Julia recomenda que as empresas tentem entender como cada rede funciona, questionem a si mesmo se a solução é viável na infraestrutura já existente e busquem conhecer as leis e regras das licitações. Isso, segundo ela, aumenta as chances de sucesso na relação com o setor público.

Já Anna Helena Altenfelder, superintendente do Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária), falou sobre alguns mitos que envolvem a educação e ressaltou que o principal papel da tecnologia é ajudar a mudar as práticas pedagógicas, e não substituí-las. Durante a palestra, Anna apresentou dados referentes ao uso de internet nas escolas, demonstrando que a situação ainda está longe do ideal. Segundo ela, a tecnologia permite a disrupção, mas para isso é preciso diálogo entre as partes envolvidas. Neste sentido, ela afirma que o CENPEC pode auxiliar os empreendedores com dados sobre o panorama e as especificidades das escolas, sobre as principais “dores” dos professores e sobre o funcionamento dos processos cognitivos do ensino.

Representando os empreendedores, foi a vez de Felipe Rezende, fundador e diretor executivo da plataforma de conteúdos interativos EvoBooks, comentar sua experiência na captação de recursos e na relação com educadores. Em sua fala, destacou a importância de focar em educação desde o início e de ter ao lado colaboradores com habilidades diferentes, especialmente educadores, que ajudarão a adequar o produto à realidade de escolas e professores. Segundo ele, o setor público é cerca de 80% do mercado, e por isso é necessário saber que ciclos são mais longos e que existem muitos stakeholders. Assim, é preciso ser mais flexível e se adaptar ao mercado.

Após a série de palestras, todos os participantes (cerca de 50 pessoas) foram convidados a se dividir em grupos multi-setoriais para discutir o que foi exposto anteriormente. Depois de meia hora de debate entre si, cada um deles apresentou uma série de iniciativas para melhorar a relação entre setor público e empreendedores de tecnologia educacional. Um dos grupos sugeriu o alinhamento da terminologia para comunicar claramente os objetivos/desafios esperados pela solução e a criação de mecanismos para facilitar a realização de projetos pilotos e a aquisição das soluções pelo setor público. Além disso, o grupo ainda destacou a necessidade de definir e disseminar padrões para processos integrados de compra, mapear problemas comuns na educação que podem ser resolvidos com tecnologia e flexibilizar das partes para atender minimamente a customização desejável.

Outro grupo propôs a criação de uma plataforma de catálogo dos produtos edtech para o governo, além da organização das informações de dotação orçamentária das SEDUCs e a criação de grupos de comunicação para constante troca de ideias. Já uma das turmas listou algumas dificuldades, como heterogeneidade das realidades brasileiras, resistência cultural, falta de clareza das necessidades e uso inadequado da tecnologia na escola. Contra isso, sugeriu mais foco no educador e no aluno, além de maior colaboração e articulação entre os atores envolvidos. Por fim, um último grupo apontou a dificuldade de escolha dos gestores diante do excesso de ofertas e de definir um problema, sugerindo a criação de parâmetros para avaliação e escolha de edtechs como uma possível solução.

O CONECTE-C acontece toda última terça-feira do mês, em São Paulo-SP. A próxima edição está marcada para o dia 28 de junho, no Cubo (Rua Casa do Ator, 916 – Vila Olímpia – São Paulo-SP). O tema do segundo encontro será o mercado brasileiro de edtechs, área da tecnologia dedicada a criação e desenvolvimento de soluções (softwares, serviços, etc.) para melhorar a educação.

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